Dia desses fiquei pensando o que é Evolução? Conversava com um engenheiro sobre automóveis e o que não mudou nada apesar de terem evoluído. Continuam com o mesmo princípio básico de um motor movido a pistão, as rodas com pneus, os freios que freiam por atrito, mas eles evoluíram. Agora tem sensor de chuva pois o motorista pode esquecer de ligar o limpador de para-brisa. E fantástico, alguns apitam para o motorista não bater o carro ao dar marcha à ré. Os automóveis então evoluíram para “involuir” nossa percepção sensória de espaço e distância, e a habilidade de usar nossa coordenação motora ao usar os pedais, pois a evolução nos trouxe o câmbio automático. A evolução que criou o automóvel “involuiu” nossa capacidade de andar, e ficamos sedentários e obesos. Os computadores resolvem um monte de coisas para nós, é verdade, mas “involuiu” o escrever à mão… alguém já viu a caligrafia de jovens e crianças? E nos “involuiu” na ponderação ao escrever e passar a limpo, então publicamos logo assim, sem pensar, click, já foi. É de assustar! Talvez alguém pergunte, para que serve a caligrafia? Talvez para o mesmo que “serve” uma pintura de Rembrandt ou de Frida Kahlo. Será que a maravilhosa calculadora colaborou para ojeriza nacional à Matemática? Será que uma nação que não desenvolve o pensamento abstrato, assim prejudicando sensivelmente a compreensão de textos com mais de 10 linhas, poderia fazer erradas escolhas políticas? Será? “Estatísticas intuitivas” me mostram que 70% dos brasileiros que hoje tem 40 anos ou menos, odeiam Matemática, e não sabem fazer um cálculo que envolva porcentagem. Se isso for verdade temos um problema, já que o aprendizado da matemática é a base do nosso raciocínio lógico e abstrato para o resto da vida. A evolução nos trouxe também os satélites que nos brindaram com o GPS e o fantástico Waze! Adoro! Mas “involuiu” nossa capacidade de usar o guia de ruas, o mapa da cidade, deixando atrofiada a inteligência espacial, portanto nos isentou de entender onde é o norte e o sul olhando para o mapa e para o sol. Quase ninguém mais olha para o céu para ver se vai chover, consulta o aplicativo, apesar dele sempre mentir. A evolução sendo assim vivida, é como um veneno silencioso que nos rouba a experiência do fazer e saber antigo. O antigo, a maneira primária de saber e fazer é desprezada, pois só por ser antiga é considerada apressadamente, ultrapassada e inútil. Ultrapassada por quem ou pelo quê? Ultrapassada pela evolução, palavrinha que tento definir nesse ensaio. Nosso cérebro é capaz de fazer milhões de conexões neuronais a cada segundo, e sofre declínio destas conexões a medida que envelhecemos. Mas já está provado que isso ocorre se não houver estímulos, e daí chegam as doenças neurológicas medicadas a peso de ouro. Se a “evolução” nos poupa de atividades que são esquecidas, não praticadas, deixadas para trás pois são “antiquadas” é preciso repensá-la, para não “involuir” nossa capacidade de pensar, sentir e fazer. QUAL A SOLUÇÃO?
pensandopsi 