Transtorno de Identidade de Gênero: “Estamos misturando Peter Pan, Frankenstein, Walking Dead, e Precisamos Falar sobre Kevin?”

Kevin, “garoto imaginário” de 3 anos brinca no tapete da sala enquanto Mamy está no computador. Kevin pega um bonequinho do homem de ferro que seu Papy lhe deu de aniversário (mesmo sob os protestos da Mamy) e leva ao peito. Encosta o boneco como se fosse amamenta-lo. Mamy observa, um tanto surpresa. Kevin repete muito esta brincadeira, com outros bonecos, em diferentes dias. No aniversário de 4 anos de Kevin ele é surpreendido pelo Papy tentando vestir uma saia da Mamy. Frequentemente Kevin gosta de amarrar avental de cozinha em sua cintura, e esconde (rouba) os batons da tia, para ficar de boca pintada atrás da porta.
Kevin vai crescendo e sendo observado por Papy e Mamy que acham “estranho” ele gostar de brincadeiras e costumes de “meninas”. Kevin vai para escolinha e passa mais tempo com as meninas do que com os meninos. Kevin as vezes se assusta e chora muito quando Papy quer “brincar de briga” com ele, e corre para se esconder atrás da Mamy. Kevin está com 6 anos mas as preocupações dos pais só aumentaram, até que assistem uma reportagem sobre Transtorno de Gênero. Buscam e leem tudo o que está na mídia sobre o assunto.
          Coincidentemente está em cartaz uma novela na TV onde a atriz interpreta o sofrimento terrível de uma moça que não se sente real ou autêntica em seu corpo perfeitamente saudável e biologicamente feminino. A personagem se queixa e diz inúmeras vezes, em vários capítulos: – “não sou a princesinha que você gostaria mamãe”. A novela avança até a personagem ter a “certeza” que está vivendo no corpo errado. Depois da “descoberta” vem o feliz desfecho e tudo acaba muito bem na novela: todo mundo aceitou (não sem sofrimento, claro, teve muito choro) os pais levaram a filha para o hospital, ela mutilou seus seios, arrancou seu útero e seus ovários e tomará hormônios para vida toda. Cirurgiões e indústria farmacêutica satisfeitos, agradecem. A audiência da emissora aumentou junto com o preço de seus anúncios publicitários. Bingo!
Voltemos a Kevin…
Os pais ansiosamente dedicados de Kevin encontram num hospital de referência em São Paulo o atendimento necessário. Kevin vai ser acompanhado por pediatras, endocrinologistas, psiquiatras, neurologistas, psicólogos. Em média, com 4 anos de atendimento para Kevin e para os pais, poderá se chegar a “conclusão” que Kevin tem Disforia de Gênero. Com respaldo científico oferece-se o procedimento de Retardamento da Puberdade (drogas que bloqueiam a ação dos hormônios da puberdade) para que Kevin possa “decidir na adolescência” se quer ser garoto ou garota. Simples assim. Na adolescência, Kevin não poderá dirigir automóvel, não será obrigado a votar, não poderá se casar sem autorização dos pais, não poderá abrir uma empresa, terá angústias terríveis para escolher uma faculdade, mas PODERÁ decidir se é garoto ou garota. Isso não é ficção.
Pergunto: Esse procedimento é o melhor que a ciência tem para nos oferecer como entendimento e tratamento de um transtorno psiquiátrico?
Kevin em tão tenra idade já apresentava Transtorno de Identidade de Gênero?
A Biologia perfeita de Kevin estava errada?
Estamos vivendo uma tirania de aceitação, normalização e atuação de todas as vontades, desejos e fantasias? Temos certeza que a mudança de gênero era um desejo de Kevin? Em caso positivo, ao validar o desejo de Kevin, estaríamos confirmando que seu desejo sempre será atendido, doa a quem doer, custe o que custar? Onde fica a necessidade de frustração de nossos desejos, mãe do amadurecimento psíquico?
Será que estamos criando uma sociedade sem limites buscando cada vez mais soluções radicais, artificiais e anti-naturais?
Se eu receber um paciente no consultório vivendo uma angustia terrível pois se sente e tem certeza que é um pássaro, me dizendo já ter encontrado um hospital para instalar asas em suas costas… Eu:
a) encaminho-o para o psiquiatra medicar e rebaixar os sintomas de alucinação e delírio, para conseguir abordar seus desejos, fantasias e frustrações. Com o tempo, alguma sorte e empenho ele se libertará das drogas que o psiquiatra lhe deu, e vai desistir das asas. Ou quem sabe, inventará uma performance de homem alado fazendo shows e ganhando o suficiente para pagar suas contas.
b) com meus amigos sociólogos e filósofos monto uma frente popular de luta libertária pelo direito humano de ser alado, tudo embasado em Michel Foucault.
c) Firmo sociedade com a indústria farmacêutica para inventar drogas que gerem penas no lugar de pelos e fico milionária.
d) Me associo aos pares da área de “saúde” e abro mais uma clínica de cirurgias ideológicas. Convido o Dr. Bumbum para sócio e também fico milionária.
Importante não deixar de mencionar que o sofrimento psíquico para qualquer transtorno mental é imenso. A questão é refletir o que de mais natural, menos invasivo e aprisionante os profissionais de saúde tem a oferecer? Ou é o quanto mais instantâneo e radical melhor?
O Transtorno de Identidade de Gênero consta no Manual de Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria 4ª edição, (DSM IV) como patologia ou transtorno, mas mudou de nome, em recente revisão passando a se chamar Disforia de Gênero. (Talvez quem sabe, por pressão de alguns interessados em “disfarçar” o nome: Transtorno).
Acompanha-se um movimento mundial a favor de cirurgias mutilantes e ingestão de drogas para o resto da vida, para as pessoas (inclusive crianças) com “diagnóstico” deste transtorno. (vídeo no final deste texto). Há um ambulatório no HC em SP (Amtigos) que pouco tempo atrás relatava em seu site, o roteiro de encaminhamento para mudança de sexo biológico em crianças. Estava (não está mais) bem detalhado o atendimento oferecido para crianças quando os pais suspeitavam que seu filho (a) “tem algo errado” em seu “comportamento de gênero”.
O final do roteiro seria a utilização de bloqueadores de puberdade, e até o encaminhamento para cirurgia. Hoje o site não monstra mais esse roteiro, tão detalhado, é mais genérico. (link no final)
Pergunto: O que a ciência descobriu sobre esse sofrimento psiquiátrico que acomete segundo, escassas pesquisas, 1 entre 30 000 homens adultos e 1 em 100 000 mulheres adultas? (Dados de pequenos países da Europa que tem acesso a estas estatísticas)*
Pergunto: Onde estão as pesquisas para dizer o que acontece à pessoa ao longo do tempo, depois das cirurgias mutilantes, a adição de hormônios e as “correções” de órgãos genitais internos e externos?
Sempre me preocupa a preferência humana em resolver problemas, sofrimentos, frustrações ou inadequações, com soluções imediatistas, radicais e aprisionantes.
É tanta “Esquizofrenia” que podemos acreditar literalmente no que uma criança nos diz, “mandá-la para faca”, e a entupir de drogas para o resto de sua vida. Por outro lado não sabemos o que fazer com (zumbis) adultos drogados crônicos, em situação terminal no centro da cidade. Estamos misturando Peter Pan, Frankenstein, Walking Dead, e Precisamos Falar sobre Kevin?

Neste blog produzi textos explanando os conceitos de Jung sobre Ânima e Animus, que podem servir de referência para pensarmos no feminino e masculino em nós.
Em seu livro Homo Sapiens – uma breve história da humanidade, Yuval Harari, cita o conceito de “Ordem Natural” que é simplesmente aquilo que não podemos mudar de acordo com nossos desejos ou crenças. Ou seja, a gravidade não deixa de funcionar se nós deixarmos de acreditar nela, portanto a gravidade pertence a ordem natural (sic). Vamos refletir sobre a Biologia e suas imposições? E mais, ele escreve: “a biologia permite a cultura proíbe”, minha opinião pessoal e profissional é que alguns sapiens estão a criar uma nova era em que: – a cultura permite, a biologia é um mero detalhe, e parte da psicologia e psiquiatria enlouqueceu.
A filosofia chinesa postula o Princípio do Yin (feminino) e Yang (masculino) diz que no máximo do Yin encontramos Yang e vice-versa. O que isso tem a ver com o que escrevi?
No máximo de nossa ânsia libertária encontramos a escravidão.download

Referências e Links:
* Esses dados constam no DSM IV e também no site do HC em São Paulo
Para o ambulatório Amtigos do HC – ver:

http://www.ipqhc.org.br/pag_detalhe.php?id=261

A opinião de pediatras da Assoc. Americana de Pediatria – ver:

https://www.youtube.com/watch?v=PJAKQKPD5UI – em inglês original

https://www.youtube.com/watch?v=egZLN8jvWT8   – legendado  –  Espanhol

Entrevista de Camille Paglia no programa do Bial (TV Globo):

https://youtu.be/pGo0MkOmS8Y

Reportagem BBC Brasil sobre a primeira criança atendida no Amtigos:

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-44034765

 

 

 

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